The mediocre teacher tells. The good teacher explains. The superior teacher demonstrates. The great teacher inspires.
–William Arthur Ward

O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O grande professor inspira.
–William Arthur Ward

A citação de William A. Ward está na esfera de preocupação da grande maioria dos professores. A busca pelo aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem é uma constante entre as preocupações sobre como promover a melhoria constante do currículo, dos planos de aula, das recursos pedagógicos, tornando-os cada vez mais eficientes e eficazes. O ato de ensinar está intimamente relacionado com a tentativa de facilitar a construção do conhecimento, ajudando os alunos a tornar o mais proveitoso possível a sala de aula ou mesmo os espaços de estudo fora dela.

A aprendizagem investigativa, também chamada de aprendizagem por investigação, é uma abordagem que busca oferecer uma abordagem atenta ao fato de que se conteúdos precisam ser assimiladas investir na criação de perguntas por parte dos alunos pode ser uma forma de fazê-lo perceber a oportunidade da aula ou espaço de aprendizagem se tornar um campo para a busca de respostas. Isto, porém, requer envolvê-los no processo de aprendizagem, inspirando-os a tomar um caminho de aprendizagem baseada em investigação. Obviamente, há perfis de alunos para diferentes estratégias pedagógicas, mas esta proposta tem se mostrado facilitadora para promover a retenção de conceitos a longo prazo.

No Departamento de Biologia, da The Galaxy Education System (TGES), em Rajkot (India), foram realizadas experiências de ensino-aprendizagem nas quais foram desenvolvidos planos de aula de forma diferenciada, segundo a abordagem da Aprendizagem Investigativa (AI). Eles constaram que as intervenções trouxeram resultados tão positivos que levaram a uma mudança radical na pedagogia de ensino daquela instituição. Segundo matéria publicada no The Progressive Teacher, um dos coordenadores da ação informa que o resultado foi muito encorajador, tendo levado à descoberta de que os alunos estavam mudando de ouvintes passivos para questionadores e a sala de aula estava se tornando um lugar mais interessante para eles.

Os educadores Deepthi Uthaman (PhD) e Gajendra Khandelwal (MSc.) que atuam no projeto exemplificam algumas dessas propostas:

Abordagem de aprendizagem investigativa-1: tema Enzimas

Com o fim de trabalhar o capítulo ‘Enzimas’ envolveram os alunos em uma investigação sobre as propriedades e fatores que afetam a ação das enzimas, realizando experimentos em grupos e obtendo conclusões que resultaram na compreensão dos conceitos. O envolvimento dos alunos levou-os a tirar suas conclusões com base nos dados coletados por eles, criando uma melhor compreensão ao envolver e capacitar os alunos, permitindo assim uma melhor retenção dos conceitos.

Os professores tentaram, então, incluir experimentos com produtos químicos e materiais que estavam prontamente disponíveis para uso em sala de aula. Eles observaram, porém, que na maioria das vezes os alunos simplesmente seguiam o protocolo, sem pensar no conceito. Tal fato os levou à ideia de que seria necessário integrar a esses experimentos também a dimensão teórica, o que possivelmente levaria à facilitação do entendimento daquilo que estava sendo feito. Esta mudança levou a um importante salto no envolvimento dos alunos com os experimentos propostos e com a compreensão do que ali estava ocorrendo.

Assim, ficou claro para eles que para haver o engajamento dos alunos era importante despertar a curiosidade pela pergunta a ser testada, bem como o interesse pelos fundamentos que estão na base da pergunta proposta, unindo simultaneamente os aspectos teóricos e práticos. Diante dessa constatação, começaram a experimentar colocar no início das sessões investigativas com os alunos a apresentação de algumas conexões da realidade de vida desses alunos relacionadas ao tópico “Enzimas”. Foi então disponibilizado um Eclair (bomba de chocolate) para cada aluno, sendo-lhes perguntado porque razão o centro era macio e a cobertura era dura e sólida. A partir desta pergunta, os alunos eram endereçados para pistas que remetiam à conclusão de que o uso da enzima invertase, que atua na sacarose, quebrando-a em glicose e frutose, torna o interior macia. Também foi possível discutir outros exemplos, como por que o suco de fruta disponível comercialmente é transparente em comparação com o suco de fruta feito em casa ou a diferença entre sabão em pó normal e sabão em pó biológico, pois existem detergentes em pó com enzimas como constituintes. Esses exemplos estimulam o modo de pensar dos alunos.

Abordagem de aprendizagem investigativa-2: tema Biocatalisador

Outra experiência foi realizada em relação ao tema Biocatalisador. Desta vez, os professores iniciaram a aula com uma discussão sobre a produção de amônia. Os alunos conheciam o processo de Haber e as condições necessárias para ele (cerca de 400-500 graus Celsius de temperatura e 200 atm de pressão). Os professores, então, compararam isso com a produção de amônia nas células do fígado, onde a amônia é produzida sem essa alta temperatura e pressão, levando-os à questão “Como isso é possível?”.

Outra proposta para a mesma aula foi a produção de ácido carbônico a partir da água e do dióxido de carbono. Neste caso, destacou-se que a reação é muito lenta, pois cerca de 200 moléculas de H2CO3 são formadas em uma hora. Depois foi levantado com os alunos o fato de que dentro de uma célula, essa reação acelera dramaticamente, com aproximadamente 600.000 moléculas sendo formadas a cada segundo. Novamente, os alunos foram levados à questão “Como isso é possível?”.

Ambas as questões levavam ao termo Biocatalisador. Em seguida, foi explicado aos alunos o significado do termo, sendo-lhes apresentada uma definição. Uma vez exposta a parte teórica, suscitou-se outra questão: Qual seria a diferença entre catalisador e biocatalisador? Para entender essa diferença, foi viabilizados para os alunos os instrumentos e materiais necessários para que realizassem um experimento trabalhando em grupos. Foi pedido a eles que comparassem a ação do catalisador inorgânico (MnO2) e do catalisador orgânico (catalase). Tanto o MnO2, quanto a catalase, funcionam no mesmo substrato (peróxido de hidrogênio). Para o experimento foi usado extrato de batata como fonte de catalase. Eles tiveram que colocar ambos em dois tubos de ensaio diferentes, contendo a mesma quantidade de H2O2, e observar a diferença. A efervescência dos tubos foi um indicador de qual age mais rápido, o que permitiu que compreendessem na prática o conceito em estudo. Após o experimento, o professor interagia com os alunos com o fim de interpretar o experimento, conduzindo a discussão para a conclusão de que o tubo com catalase mostra mais rápido o processo, com mais efervescência.

Foi verificado que alguns alunos não compreendiam bem a natureza química das enzimas, criando uma representação de que “as enzimas estão vivas”. Assim, os professores, no lugar de apenas explicar que as enzimas são substâncias químicas constituídas por proteínas, convidaram os alunos a realizar testes bioquímicos, o que incluiu a seleção de uma enzima pura e a realização de um teste para carboidratos. Após, os alunos evidenciaram ter compreendido a natureza química das enzimas.

Esses são apenas alguns exemplos de um ensino pautado na aprendizagem investigativa, havendo, obviamente, muitas outras formas de trabalhar, mas deixando ver como esta abordagem pode contribuir para o trabalho de construção do conhecimento de modo mais participativo e convergente.

Por Glaucio Aranha